domingo, 20 de junho de 2010

A escola do futuro

«A escola irá perceber que aprender conjuga sempre a curiosidade diante do novo com o medo do desconhecido. E será acolhedora para com a ideia de que aprender não é conquistar conhecimentos mas, pelo contrário, compreender que cada conquista se faz com a presença de alguém que, com a sua luz, ilumina a convicção de que só foge do desconhecido quem não tenha ninguém que o ensine a enfrentar.

A escola aceitará que os professores não serão importantes para as crianças... a não ser como pessoas da sua família alargada, que ganham um lugar no seu coração em tributo a tudo o que deram a ver em escassos oito ou dez meses de relação. E os professores que gostam dos miúdos, e que merecem deles o respeito e o calor que lhes dão, serão aqueles que não cumprem milimetricamente «o programa» mas o transformam em livros de histórias, em que o importante não é a moral que escondem mas a verdade e a convicção com que as contamos.

A escola irá tornar-se num prolongamento da família? Melhor ainda, se isso fizer com que os pais tenham lugar em todos os momentos da escola, e se isso fizer com que os professores, em vez de disciplina, demonstrem sabedoria, no lugar do enfado mostrem ternura, e em vez de darem lições eduquem, com serenidade, com ternura, com imaginação, com divertimento e com justiça. (...)»

Eduardo Sá (2010). Chega-te a mim e deixa-te estar, 5ed.